Motos na estrada, vento ao rosto e lá se vão as “bickers”, levando sonhos e a sensação de liberdade dos afortunados mortais que ousam cur-tir da “Vida Estradeira”.
Durante a semana “suam a camisa”nas mais diferentes profissões. “Deu brecha”,limpam suas motos à cotonete, vestem suas roupas de cou-ro, seus coletes bordados por botons com o escudo do motogrupo às costas e, atendendo à chamada geral de outros “irmãos” estradeiros, dirigem-se para “O encontro”onde, juntos, sem preconceitos ou castas, vão falar de tudo, menos de trabalho.
Essa “tribo estradeira”, que cresce a cada dia, levada pela fascinação entre o homem e a “motorcycle”, cultiva um convívio tão harmônico que poderia servir de exemplo às tribos afegãs pa-ra pararem com sua guerra. Viva e deixe viver, é o seu lema maior, traduzindo num bom “brasilia-nês”, o “Live to Ride, Ride to Live”, eternizado pelos estradeiros norte-americanos.
Cada um na sua, de preferência respei-tando as normas de segurança, mas todos amigos, todos irmãos, ligados no amor comum pelas mo-tos, os estradeiros são viciados em aventura e em liberdade, coisass que são proporcionadas por uma viagem de moto, onde a regra é deixar para traz todos os chatos e todos os problemas do dia-a-dia.
No caminho, estrada e moto se fundem em uma única coisa viva. Como nos passos sin-cronizados de um balé, dançam juntas, asfalto e pneus
unidos como duas mãos. A música do motor e o coração do piloto funcionando em uníssono, can-tam a mesma canção e vivem a mesma emoção.
Curva, reta,…reta. curva,…subida, desci-da, sombras de árvores, sol a queimar o rosto, preocupação nas gotas de chuva, escorregadias e traiçoeiras, cheiros novos a cada espaço percorri-do, flores, eucaliptos, pastos, currais, quaresmei-ras floridas, um ipê visto ao longe, fazendas bran-cas, cidades, carros, pessoas, pessoas, pessoas,….
Olham aquilo, extasiadas diante do vôo baixo do
Homem-máquina, acompanhado pelos pássaros que caminham nas estradas dos céus.
Grupos se encontram, se cruzam, buzinas
Gestos e o desejo de uma boa viagem. No local do “encontro”, sorrisos, mãos que estalam uma ao encontro de outra, abraços, revistas velhas amiza-de, perspectivas de novas, velhos amores, velhas saudades e até mesmo velhos desencantos. Mas tudo é festa, tudo é alegria, como se a vida fosse eterna e sem compromisso. Na despedida, a pro-messa do reencontro, firmada no aceno do “`até mais”, avalizada pelo roncar do motor que desper-ta a alma estradeira de cada um, a cada moto que parte.