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PRAZER SOBRE DUAS RODAS.
PRAZER SOBRE DUAS RODAS
QUANDO OS MEIOS SÃO OS FINS
Rodando longas distâncias, tudo está envolvido no tempo e no espaço. Além da roupa de proteção no corpo, nada me separa do mundo. Me sinto feliz e aliviado das cobranças cotidianas, ao passar pela vastidão das paisagens. Ao mesmo tempo, continuo perto de chão e me sinto intimamente ligado a ele.
O destino da viagem é ancorado na imaginação, e não trato como primordial a chegada ao ponto final, originalmente traçado. Irreal e pouco subjetivo é o término do dia. Meço com os meus olhos as longas distâncias e fico surpreendido, ao fim de cada jornada, ter rodado tanto.
Destino, em qualquer parte da viagem, será que ele deve existir? Algumas vezes são paradas espontâneas no meio do caminho. Mas, a sensação é diferente de uma escala de avião, uma estação de trem ou um descanso numa viagem de carro.
Com uma motocicleta, posso parar em qualquer ponto, transformando-o num ponto de chegada. Desligo o motor, tiro o capacete, me espreguiço e esfrego a nuca. Ando um pouco pela rua, por um campo ou por uma floresta, olho ao redor e nem preciso ver nada de espetacular ou pitoresco.
O fato de ter parado faz daquele lugar um lugar especial. Quando coloco a moto no descanso, significa que cheguei e estou diante de uma coisa única.
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Motociclista, acenai-vos!
MOTOCICLISTAS, ACENAI-VOS!
Mês passado fui ao Rio de Janeiro a trabalho e decidi parar em um estacionamento próximo ao aeroporto. Ao chegar lá, outro motociclista parava no mesmo estacionamento com uma moto bem diferente da minha. Fiz um aceno com o capacete e com a luva. Retribuiu. Foi o suficiente para ele se aproximar e perguntar sobre um acessório da minha moto. Conversa de moto vem, conversa vai, e durante o traslado para o aeroporto, conversamos sobre outros interesses de negócio.
Cena dois: luz verde no painel, pé direito no chão, luz vermelha no alto do poste, estou eu a esperar os pedestres passarem. No cruzamento ao lado, outro motociclista olha em minha direção e timidamente levanta a mão acenando. Distraído, olho para o lado, é comigo mesmo, retribuo e sinto um conforto sutil e inexplicável.
Bem, dá para relatar várias cenas semelhantes. Como dizia o Sérgio Britto dos Titãs: “desde os primórdios até hoje em dia o homem ainda faz o que o macaco fazia”. Acenar é singelo e primordial, mas ao mesmo tempo pode ser denso, carregar mensagens.
Voltando ao nosso cenário de trânsito, imagine esses mesmos acenos sob a perspectiva de um carro. Nem Alice parada no trânsito do país das maravilhas presenciaria! Aí, meu camarada, esses dois mesmos mamíferos provavelmente teriam o repertório de sinais manuais reduzidos ao dedo médio em riste, ou à junção da ponta do indicador com o topo do polegar, simbolizando partes pudicas do corpo. Impressionante como a configuração mental muda quando se trata de dois (ou mais) motociclistas.
Na estrada é mais comum ainda, pilotos da pista contrária acenam e enfatizam com um relampejar de farol. Muitos postos de beira de estrada viram quase clubes informais de motociclistas desconhecidos. Em veículos de quadro rodas, na maioria das vezes, o motorista nem liga para os carros do estacionamento, entra no posto calado, come seu frango empanado com tubaína, compra um pão de semolina, vai ao banheiro e volta para a estrada do mesmo jeito que entrou.
Claro que, dependendo da pessoa e da situação, a interpretação muda. A língua escrita é só uma tentativa de aproximação à realidade, mas vou me arriscar a dizer em palavras tortas que o aceno, em essência diz: “estamos na mesma condição frente ao asfalto, às intempéries, e compartilhamos um equipamento semelhante”. Identificação. Não nivela as camadas socioeconômicas, simplesmente as ignora. Tudo isso em segundos, sem dor, sem custo, só uma levantada de mão rápida, um meneio com o capacete, um relampejar, uma olhada. Tem a ver com companheirismo incondicional.
Agora, existe ainda uma segmentação, meio que elitista, meio embotada, que impõe que pilotos de uma marca ou cilindrada só acenem para outros que tiverem montaria semelhante. Bah! Bobagem! Mas não tem nada não, tem gente que precisa levar muito inseto na viseira e tomar muito banho de São Pedro na moleira pra deixar de pilotar o ego, e sim a moto.
Portanto, conclamo: motociclistas, acenai-vos! Keep riding!
Publicado em Motociclismo, MOTOCICLISMO EM GERAL
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Viagem a Barbacena 14/04/2013
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Serra do Rio do Rastro( Reunião dos Motociclistas)
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